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Arquitetos: Balaio Arquitetura
- Área: 246 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Manuel Sá
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Fabricantes: Casa Atica, Estúdio Niz, Lumini, Paulo Alves, REKA, Trimble Navigation

Descrição enviada pela equipe de projeto. A relação entre cliente e arquiteto é essencial para o desenvolvimento de uma produção autoral, que se revela ao longo dos anos de um escritório de arquitetura. Embora os gostos possam ser semelhantes, são as necessidades que moldam a forma como cada um se relaciona com o espaço e com as rotinas do dia a dia. Nesse contexto, a pré-existência desempenha um papel fundamental, trazendo suas próprias demandas e desafios.

Por se tratar de um imóvel no primeiro andar, com uma relação quase íntima com a rua, o projeto do Apartamento Itaim precisou encontrar soluções para a excessiva permeabilidade visual entre a via pública e o interior da residência. Além disso, foram feitos ajustes na planta para integrar melhor a cozinha à área social e transformar o hall de entrada – que gerava uma compartimentação excessiva – em parte da sala de estar.


Quando o assunto é a fachada de um edifício, às necessidades podem não são constantes - até por uma questão de rotação e translação - e é interessante que se pense em certa flexibilidade quando há o desejo de essas necessidades acompanharem o fluxo do sol e o que isso acarreta em relação à dinâmica da rua. Com isso em mente, trabalhamos a questão do controle visual por meio da sobreposição de camadas, explorando o contraste entre a textura das chapas metálicas perfuradas e a vegetação que as rodeia. Painéis de serralheria se articulam e deslizam, adaptando-se ao uso e ao humor dos residentes, revelando mais ou menos o interior da casa, assim como o que há fora, para quem está dentro.

Quanto à planta, ao demolir o lavabo responsável pela transição entre a sala de estar e a cozinha – e que foi transferido para um cômodo de despensa com acesso ao corredor da área íntima –, ampliamos o acesso à área social, o que permitiu novas possibilidades de alinhamento. Isso garantiu maior harmonia visual, fluidez no fluxo das linhas e uma circulação mais organizada e eficiente.

Essas novas possibilidades modulares introduziram elementos importantes à composição arquitetônica, como o painel de madeira, responsável por levar visualmente a relação social da sala à cozinha, e os dois eixos longitudinais formados pelo rack e pela bancada, que reforçam as proporções do apartamento e unem os diferentes usos da área social. Uma "bossa" que remete à história da pré-existência é o respiro circular no forro acima da sala, que revela parte do concreto da laje do edifício, além dos dutos metálicos em chapa perfurada, que protegem as duas prumadas expostas após a demolição das paredes do antigo hall.


Ao adentrarmos o corredor da área íntima, percebe-se uma ruptura intencional na integração com a área social, em direção à privacidade e funcionalidade dos espaços destinados à intimidade, compostos por escritório, lavabo e três suítes. O piso de granilite dá lugar à madeira, que surge em tons mais claros de Tauari para o chão e Carvalho Americano para a marcenaria. Em alguns ambientes – como no corredor de armários da suíte principal – a madeira se alia às texturas da palha, proporcionando um aquecimento sutil e delicado ao ambiente.

O banheiro da suíte principal, último ambiente do apartamento, intensifica a composição etérea, resultado da escolha cuidadosa dos materiais e dos traços delicados. As pastilhas nas paredes permitem que a luz percorra a superfície – a partir do movimento horizontal das janelas – interagindo com a irregularidade das superfícies, de maneira contrastante com o piso liso, feito em resina PU. O único elemento que se destaca entre as diversas tonalidades de branco é o gabinete em madeira Sucupira, que envolve a bancada e une as extremidades do projeto, ressurgindo com a mesma madeira utilizada em toda a área social.
